O que é a venda não linear (e como se adaptar)

por | 06/05/2025 | Artigos

Durante anos, vendedores B2B seguiram metodologias que funcionaram bem — até pararem de funcionar.

Hoje, o problema não é a técnica. É o contexto. O cliente mudou, o processo de decisão mudou, e quem insiste em aplicar fórmulas antigas está ficando para trás.

1. O mito do cliente racional: Emoção também fecha contrato

Um estudo da Google em parceria com a CEB (The B2B Elements of Value) revelou que os compradores B2B têm quase o dobro de envolvimento emocional com os fornecedores do que os consumidores finais.

Eles não estão só comprando um produto. Estão defendendo uma escolha internamente, se expondo politicamente, e apostando reputação e carreira.

Especificações, ROI e SLA são apenas a superfície. Por baixo, existem medos, vaidades, esperanças e pressões que influenciam tanto quanto os números.

2. O cliente nem sempre sabe o que precisa

Segundo a Gartner (2022), 77% dos compradores B2B acham o processo de compra muito complexo ou difícil de entender. Parte disso acontece porque eles iniciam o processo com diagnósticos equivocados.

Ou seja: acham que precisam de uma coisa, mas o problema real é outro.

Quem vende o que o cliente pensa que precisa, perde. Quem ajuda o cliente a reformular o problema, ganha a confiança.

3. Preço vs Valor: O dilema que mata margem

“Está caro” normalmente significa “não entendi o impacto”.

Se o cliente não vê claramente como aquilo afeta resultado, segurança, agilidade ou lucratividade, ele vai brigar por desconto.

Valor percebido é o novo campo de batalha — e ele não está na planilha, está na narrativa de impacto.

4. Paralisia da escolha: Quando o cliente fica travado

Um comitê de compras com cinco fornecedores parecidos e nenhuma clareza de diferenciação tende a adiar a decisão.

A confusão técnica vira desculpa para procrastinar.

Vendedor que estrutura a decisão e simplifica o comparativo vira parceiro, não só mais uma proposta.

5. A primeira âncora molda o jogo

Behavioral economics já mostrou isso: a primeira informação que o cliente recebe molda todas as outras comparações.

Se a primeira proposta é mal ancorada, todas as outras viram “caras” em relação a ela.

Não basta ser o primeiro. Tem que ser o primeiro com uma boa âncora.

6. Decisão em grupo: Cuidado com os stakeholders invisíveis

Segundo a Harvard Business Review, o número médio de influenciadores em decisões B2B é 6,8 pessoas.

A maioria dos vendedores ainda foca em um único contato.

Isso explica muitos “sumiços”: você não está perdendo a venda — ela só foi travada por alguém que você nem conhece.

7. O risco pessoal pesa mais do que o da empresa

Já viu cliente dizer “preciso de algo seguro”? Ele não está falando da empresa. Está falando dele.

Erros em compras estratégicas custam reputação, promoções e, em alguns casos, o emprego.

A segurança emocional do decisor acelera mais o fechamento do que uma planilha de ROI.

8. A resistência invisível: “Vou pensar” é o novo “Não”

No Brasil, especialmente, o “não” direto é evitado. A recusa vem disfarçada de silêncio, adiamento ou “estamos revendo prioridades”.

Essa resistência não é lógica — é política, emocional e invisível.

Quem detecta cedo, atua com inteligência. Quem ignora, perde tempo e pipeline.

9. A emoção disfarçada de lógica

O cliente decide com o estômago e justifica com PowerPoint.

É por isso que propostas frias, mesmo técnicas, perdem para concorrentes que emocionam primeiro e provam depois.

Ganhe o coração. Depois, entregue os dados para o cérebro validar.

De vendedor para educador de decisões: Um novo papel

Na prática, vender bem hoje é ensinar o cliente a decidir melhor.

Redefina o problema

  • Pergunte: “O que acontece se isso não for resolvido?”
  • Reposicione o problema sob outra lente: impacto futuro, riscos ocultos, escalabilidade.
  • Traga critérios que o cliente ainda não considerou.

“Vejo que vocês estão comparando preços. Posso compartilhar alguns pontos que nossos clientes mais satisfeitos aprenderam a priorizar antes de fechar um projeto assim?”

Reestruture a escolha

  • Crie uma matriz simples com 4 critérios críticos (impacto, tempo, risco, aderência).
  • Evite sobrecarregar com detalhes técnicos.
  • Ajude a separar o que é custo e o que é investimento.

“Posso sugerir um checklist simples que ajudaria a equipe de vocês a comparar melhor as propostas?”

Gere segurança emocional

  • Traga cases parecidos, sem exageros.
  • Antecipe objeções com naturalidade.
  • Proponha testes ou pilotos que permitam erro pequeno e aprendizado rápido.

“Muitos dos nossos clientes começaram com um piloto pequeno. Quer montar algo enxuto primeiro e depois expandimos, se fizer sentido para vocês?”

A jornada de compra mudou: Bem-vindo à era do caos

A ideia de funil morreu.

Hoje a jornada é feita de idas e voltas, múltiplas influências, interações desconexas e decisões reversíveis.

  • Dados da Gartner mostram que os clientes alternam entre 6 a 10 canais antes de decidir.
  • A decisão pode levar meses e ser retomada do zero após uma pausa.
  • O pós-venda virou pré-venda para o próximo ciclo.

Se sua metodologia não lida bem com isso, ela está operando no passado.

Mini manifesto: A Metodologia Kairós

Kairós não é só uma nova técnica de vendas. É uma nova forma de ler o tempo do cliente.

  • Diagnóstico antes de oferta.
  • Entendimento do contexto emocional e corporativo (influenciadores, decisores).
  • Intervenção estratégica na jornada, nos micro-momentos certos.
  • Adaptação dinâmica, com feedback constante.
  • Integração de neurociência, economia comportamental e dados reais.
  • Sintonização antes da condução.

O vendedor premium de alta performance não vende. Ele facilita a evolução da decisão de compra.

Ele é estrategista, educador, conselheiro e, às vezes, psicólogo. E é justamente por isso que seus resultados são exponenciais.

E no Brasil, como isso se aplica?

  • O medo do erro é ainda mais forte, num ambiente onde promoções são ainda muito baseadas em network e dinâmica de relacionamentos.
  • O “sumiço” é norma, não exceção — e exige habilidade em leitura contextual.
  • A autoridade técnica vale, mas a conexão humana fecha.

No mercado B2B nacional, onde a confiança ainda pesa mais que a proposta escrita, a abordagem precisa ser mais sutil, mais próxima e mais inteligente.

O vendedor precisa mudar de papel

Você não precisa de uma nova frase de efeito.

Você precisa de uma nova lente (para você e para o cliente).

A venda hoje começa quando o cliente percebe que você o ajuda a decidir melhor do que ele conseguiria sozinho.

Como a VendaMais pode lhe ajudar em relação a isto:

  • Diagnóstico do seu modelo comercial
  • Consultoria
  • Treinamentos
  • Terceirização
  • Headhunting
  • Geração de tráfego e conversão de leads para e-commerce

No dia 21/05, quarta-feira às 19:00 hrs, farei também um webinário sobre prós e contras das metodologias atuais dentro do cenário que temos, pontos falhos de cada uma e como repensar seu jeito de vender entendendo (e aproveitando) melhor o ciclo atual não linear de compras do cliente. Inscreva-se aqui: https://lp.vendamais.com.br/gap/

Lembre: se o ciclo de compras do cliente é não linear e seu processo de vendas é linear… temos um problema.

Abraço, boa $emana e boa$ venda$,

Raul Candeloro
Diretor
www.vendamais.com.br

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