Não é sobre ignorar o caos, é sobre dançar com ele sem perder o rumo.
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Participe do webinário desta quarta-feira, 09/07 às 19:00.
Como se diferenciar em um mar de mesmice através do atendimento, conexão e relacionamento numa época de IA e comoditização.
Uma resposta inteligente ao permachaos.
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Um vendedor distraído é um vendedor a caminho da extinção.
Não por falta de talento, mas porque numa era onde tudo compete pela nossa consciência, aquele que não escolhe onde olhar acaba vendo tudo e enxergando nada.
O cliente pode até estar distraído. O vendedor nunca.
Mas manter o foco hoje em dia é como tentar dormir ao lado de uma boate “bombando” (já aconteceu com você?). A vontade até existe… o problema é conseguir.
Ou tentar tocar piano durante um terremoto, as mãos sabem onde estão as teclas, a mente conhece a música, mas o chão e o piano não param de tremer.
Estamos vivendo uma era onde o caos não é mais exceção. Ele se tornou rotina.
O “permachaos” (o caos permanente), não é uma palavra bonita para descrever nossa época, é um estado permanente onde a exceção virou regra, onde crises se sobrepõem sem resolução, onde cada manhã traz uma nova urgência que parece mais importante que a anterior.
Nietzsche escreveu que “Aquele que tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer como”.
A questão é: Onde se ancora esse porquê quando tudo ao redor está em ruínas, quando o WhatsApp vibra sem parar com cobranças, o cliente cancela sem motivo, e o noticiário parece escrito por roteiristas de tragédia?
Aqui está o paradoxo cruel: Justamente quando mais precisamos de foco para nos destacar num mercado saturado, o mundo parece ter conspirado para tornar o foco uma habilidade quase sobre-humana.
Como observou Daniel Kahneman, nosso cérebro não evoluiu para processar essa quantidade de estímulos simultâneos — e muito menos para manter performance comercial em meio a isso.
Mas talvez estejamos abordando o problema pelo ângulo errado.
E se a questão não for “como ter mais foco” e sim “como parar de sabotar o foco que já temos”?
Sinais silenciosos de sabotagem
O vendedor não diz que perdeu o foco. Ele diz:
“Hoje o dia foi corrido, não consegui nem almoçar.”
“Toquei em vários assuntos, mas não consegui fechar nada.”
“Só consegui responder mensagens e apagar incêndio.”
Essas frases, repetidas como mantras, mascaram um fenômeno silencioso: A erosão do foco pela sobrecarga e pela ansiedade reativa.
Comportamentos comuns que passam despercebidos:
- Abrir 5 abas, iniciar 5 tarefas, não concluir nenhuma;
- Trocar atividade estratégica por tarefa urgente (e irrelevante);
- Reagir ao que aparece em vez de conduzir o que é importante;
- Estar sempre ocupado, mas raramente produtivo;
- Usar “organização” como uma forma sofisticada de evitar vender.
A neurociência nos entrega um dado assustador: O cérebro humano médio recebe hoje 34 GB de informação por dia (o equivalente a 174 jornais).
Segundo a McKinsey, o profissional médio perde 28% do seu tempo semanal apenas com interrupções e retomadas de foco. É como se toda segunda e terça-feira fossem jogadas fora.
Desenvolvimento
Viver e vender no permachaos exige uma disciplina mental que não vem por inspiração, vem por construção. Mas primeiro precisamos entender por que nossas soluções habituais estão falhando.
O erro mais comum:
Tentar resolver dispersão com mais estrutura
O que resulta em vendedores que funcionam como máquinas… lentas.
Confundir movimento com progresso
Preferimos resolver 10 problemas pequenos a enfrentar 1 problema grande.
É mais reconfortante responder 50 e-mails do que fazer 3 ligações importantes.
Dá mais sensação de produtividade, mas menos resultado.
Recompensar a urgência em detrimento da importância
Nassim Taleb estava certo sobre os cisnes negros, mas errou numa coisa: Eles não são mais eventos raros.
Viraram cisnes cinzas, eventos improváveis que acontecem com tanta frequência que perdemos a capacidade de distinguir o que é verdadeiramente crítico do que é só barulhento.
Subestimar o impacto emocional do ruído externo
Um gestor me falou esses dias: “Não sei o que acontece, minha equipe trabalha feito louca, mas a meta está sempre longe.”
Quando analisamos as agendas, o padrão emergiu: Excesso de tarefas fragmentadas, nenhuma prioridade clara, e um vício de reatividade disfarçado de comprometimento.
Como disse Clayton Christensen: As grandes empresas falham não por incompetência, mas por prestarem atenção nas coisas erradas.
O mesmo vale para vendedores individuais. A pergunta não é “como ser mais organizado”, mas “como ser seletivo sobre o que organizar”.
Comparativo visual
Momento | Dispersão | Foco |
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8h30 – Chegada no escritório | Abre WhatsApp, e-mail, LinkedIn, CRM | Escolhe UMA prioridade para primeira hora |
Cliente cancela reunião | “Que droga, lá se vai meu dia” | “Oportunidade de fazer aquela ligação importante” |
Almoço com prospect interessante | Fala da empresa por 40 minutos | Faz 3 perguntas e escuta por 35 minutos |
Sexta, 17h, lead quente chega | “Segunda eu retorno” | Liga na hora ou agenda para sábado |
No meio do permachaos, o foco é um ato de rebelião silenciosa. Não é ignorar o caos, é dançar com ele sem perder o rumo.
Desafio da semana: Blindagem seletiva da antifragilidade comercial
Em vez de tentar controlar tudo, vamos testar uma abordagem mais inteligente com estas 10 ideias diferentes.
FASE 1: DIAGNÓSTICO (Entenda o problema)
1. Auditoria da urgência: Por um dia, cronometre cada interrupção: Quanto tempo levou para voltar ao foco? No final, calcule: Quantas horas você perdeu “voltando” para onde estava?
2. Experimento da atividade morta: Identifique uma coisa que você faz “porque sempre fez” mas que não gera resultado há meses. Cancele ou delegue hoje. Anote o que acontece com o tempo liberado.
FASE 2: PURIFICAÇÃO (Elimine o ruído)
3. Dieta de notícias: Fique 48 horas sem consumir notícias (zero jornais, sites, rádio, TV). Anote: Sobre quantos “acontecimentos importantes” você realmente perdeu algo relevante para as suas vendas?
4. Corte cirúrgico: Corte sua lista de tarefas pela metade. Se tem 10, deixe 5. Se tem 20, deixe 10. Force priorização brutal. Veja se o que sobrou é realmente o que importa.
FASE 3: PROTEÇÃO (Crie barreiras)
5. Teste do “Não” educado: Pratique recusar 3 solicitações hoje. Pode ser “não posso agora”, “vou avaliar amanhã” ou “não faz sentido”. Observe: O mundo desabou? As pessoas te respeitaram mais ou menos?
6. Regra dos 3 momentos: Responda mensagens apenas 3 vezes no dia (9h, 14h, 18h). Fora disso, invisível total. Conte quantas “emergências” se resolveram sozinhas.
FASE 4: CONCENTRAÇÃO (Execute com foco)
7. Blindagem da hora sagrada: Escolha seu horário mais produtivo. Ninguém pode te encontrar por 2 horas. Use para a tarefa que você vem adiando há semanas. Avise: “Estou em reunião importante” (consigo mesmo).
8. “Modo Avião” estratégico: Desapareça por 90 minutos. Celular no silencioso, e-mail fechado, porta trancada. Trabalhe apenas na sua tarefa comercial mais importante. Conte quantas vezes sentiu abstinência digital.
FASE 5: AÇÃO COMERCIAL (Aplique na prática)
9. Teste da pergunta incômoda: Escolha um cliente que você “acompanha” há meses sem resultado. Ligue hoje e faça a pergunta que tem medo de fazer: “Sinceramente, qual a chance real de fecharmos isso?” Anote a reação.
10. Sexta produtiva: Em vez de “relaxar” na sexta, faça uma atividade que pode destravar vendas na semana seguinte. Teste se seu cérebro “cansado” é mais criativo que o “descansado”.
Métricas finais (diferentes):
- Ao final da semana, compare: Quantas dessas ações te deram mais energia vs. mais cansaço? A hipótese: Foco gera energia, dispersão consome energia.
- Anote seu nível de ansiedade (1 a 10) e quantas atividades comerciais importantes você fez por dia. Compare com a semana anterior. A hipótese: Você pode ter mais resultado com menos esforço.
Uma reflexão final: Distinguir sinal de ruído, movimento de progresso, urgente de importante
Se você sente que está constantemente reagindo a um mundo que não dá trégua, talvez seja hora de fazer o oposto do esperado: Desacelerar para retomar o controle.
Como observou Milan Kundera: “A lentidão é a única resistência possível à velocidade do mundo.” Não é trabalhar devagar, é escolher conscientemente em que velocidade queremos viver cada momento.
O vendedor que prospera no permachaos não é aquele que consegue processar mais informação. É aquele que desenvolveu a arte perdida de distinguir o sinal do ruído, o movimento do progresso, a urgência da importância.
Se você não dominar o seu foco, será dominado pela confusão alheia.
A pergunta que fica: Qual parte da sua agenda esta semana vai ser uma ilha de lucidez no meio do mar revolto?
Lembre-se: Apenas quem cultiva o silêncio interior consegue ouvir o que é realmente importante.
Se quiser compartilhar os resultados do seu desafio, me escreva (raul@vendamais.com.br). E compartilhe com alguém que você conhece que está precisando MUITO ouvir (e fazer) tudo isso.
Não é sobre ignorar o caos, é sobre dançar com ele sem perder o rumo.
Abraço, perma$uce$$o, boa $emana e boa$ venda$,
Raul Candeloro
Diretor
VendaMais
P.S. São assuntos assim que abordarei no Código Alfa, meu próximo curso online sobre diferenciação através de atendimento e conexão numa era de IA e comoditização.
Inscrições para o webinário desta quarta-feira, 09/07 às 19:00: https://vendamais.com.br/produto/webinario-como-se-diferenciar-em-um-mar-de-mesmice-julho/
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